terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Uma tarde de conversas de combate ao racismo religioso.

Um laboratório de transmissão de conhecimento foi montado na praça Barão do Rio Branco, no bairro da Campina, laboratório de mídias de valorização dos Direitos Humanos e de combate ao racismo, em especial ao racismo religioso que provoca casos de intolerância contra as tradições de terreiros de matriz africana no Brasil.

O mês de janeiro é marcado pela passagem do dia de combate à intolerância religiosa. Em 21 de janeiro de 2000 a violência por racismo religioso levou a Iyalorixá baiana, Mãe Gilda de Ogum, ao infarto fulminante e ao óbito, e por esse motivo esse dia ficou na história da resistência dos Povos Tradicionais de Terreiros de Matriz Africana e do combate à violação dos Direitos Humanos no Brasil através da Lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, sancionada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva.
A manifestação também celebrou a revolução bolivariana da Venezuela e a memória da luta de Simón Bolivar, e uma sessão de cineclube apresentou o filme “Bolívar, o homem das dificuldades” - um longa-metragem dirigido pelo cineasta Luís Alberto Lamata que é o último dos 6 filmes da “Coleção Libertadores”, uma produção de Wanda Films de Espanha, da TVE, da Villa do Cine, Alter Producciones e do Centro Nacional de cinema cubano, que se juntaram para retratar o ano do desterro caribenho de Simón Bolívar. Uma história pouco conhecida que conta um dos anos mais dramáticos da vida do Libertador, desde maio de 1815 até maio de 1816.

O Consul venezuelano em Belém, Alonso Pacheco, agradeceu a solidariedade e declarou de suma importância combater todas as formas de racismo e valorizar as lutas sociais na América Latina, e destacou que a luta de Bolívar, que deu origem ao projeto bolivariano, enfrentou a questão da escravidão e criou uma aliança entre povos indígenas e povos negros contra a violência da colonização européia em terras americanas. E para celebrar a diversidade étnica e racial, ap´resentou o filme "Tambores de água: um encontro ancestral", de Clarissa Duque.

O documentário mostra a força das raízes africanas nas manifestações musicais venezuelanas, é a história dos afrodescendentes desde sua chegada à Venezuela se desenrola quando seu protagonista consegue os tambores de água, uma prática musical muito peculiar e de grande beleza, que permite o encontro de dois continentes (África e América) no soar aquático de seus repiques, mostrando que não importa a distância quando as raízes são fortes o bastante para sobreviver através do tempo.
E a resistência para sobrevivência em um contexto adverso foi a tônica do debate nas rodas de conversa com Mãe Nalva de Oxum, Pai Armando de Bessén e Mametu Nangetu, conversas que duraram a tarde inteira, e que tiveram a promessa da coordenação da ARATRAMA de fazer eventos assim se repetirem em outras praças e em outros domingos.

Nenhum comentário: