sábado, 16 de junho de 2012

Construção de alguidá com material reciclável marca o primeiro dia da "Belém + 20".

O futuro do planeta também está em discussão no "Belém + 20 (vinte) e quantos mais vierem", evento que acontece no Instituto Nangetu no mesmo período da realização da "Cúpula dos Povos" na cidade do Rio de Janeiro. Pois a discussão sobre estratégias de preservação do meio ambiente tem que acontecer em todos os lugares do mundo.
A cidade e as manifestações da naureza, e a preservação da natureza em espaços urbanos estão na pauta da Belém +20 (vinte) e quantos mais vierem.

Neste sábado, dia 16 de junho, Mametu Nangetu reuniu com um pequeno grupo para, em uma descontraída roda de fazer junto, mostrar como as comunidades tradicionais de terreiros podem contribuir com a preservação do meio ambiente. Ela começou dizendo que nós cultuamos a natureza e que precisamos conservar os espaços da natureza para podermos preservar a essência do sagrado afo-brasileiro.
E como conservar o que "sobrou de natureza" em cidades como Belém?
Para ela é necessária a intervenção dos governantes para resolver muitos dos problemas ambientais, mas também chama a atenção para a necessidade de maior participação social e até de uma re-educação ambiental de todos os segmentos sociais, inclusive nas comunidades de terreiros.
A conversa seguiu sobre as oferendas religiosas em espaços urbanos e a conservação desses espaços públicos, como as encruzilhadas, as beiras de igarapés e as matas urbanas, que são utilizados em nossos rituais religiosos. Mametu Nangetu falou que para a redução dos impactos ambientais em zonas urbanas o ideal seria esperar o período necessário para que a divindade receba a oferenda e os proprios religiosos voltarem aos locais para recolher os dejetos ou então que a prefeitura tivesse um programa especial de coleta de lixo proveniente de oferendas afro-religiosas.
Como nenhuma das duas situações pensadas como ideal se tornaram uma prática na cidade de Belém, Mametu Nangetu propôs aos presentes que participassem da construção de alguidás com papel reciclado em uma roda de fazer junto, disse que um alguidá feito com reciclagem de papel se decompõe muito mais rápido do que os feitos com barro cozido, e que utilizar recipientes com matéria orgânica como folhas, ou recipientes recicláveis de rápida decomposição pode contribuir para a redução dos impactos ambientais para oferendas em matas e igarapés.
A reciclagem de papel ela conta que aprendeu numa oficina de construção bonecos para teatro de mamulengo, e que apenas adaptou a técnica para a construção de alguidá com papel reciclado...

Mametu Nangetu ensinou técnicas de reciclagem para a construção de recipientes de oferendas.

Um comentário:

José Ramos disse...

Na encruzilhada da Perebebuí com a
Visconde de Inhaúma são feitas oferendas com frequência. A vizinhança escreveu avisos e críticas no muro do Hospital de Clínicas e demonstra intolerância com a religião afro. Eu sugeri a alguns que o problema poderia ser resolvido se um dia (?) depois as pessoas que fizeram a oferenda fizessem a limpeza do local, mais ou menos a idéia da Mametu Nangentu. Eu acho que essa solução poderia contribuir para a educação daqueles que resistem a presença de outras religiões que não as suas, o que é absurdamente comum entre os evangélicos e, um pouco menos, entre os católicos.