terça-feira, 5 de julho de 2011

Nesta sexta-feira, dia 8 de julho, tem Simonal em ritmo de comédia


É Simonal - Comédia musical estrelada pelo cantor Wilson Simonal, na época um dos maiores ídolos do show business nacional, e dirigida por Domingos Oliveira, um dos grandes diretores do cinema brasileiro. O filme traz Simonal muito à vontade em meio a shows, muita música e divertidos esquetes de humor. Ele interpreta a si mesmo no papel de um mú sico famoso que se envolve com uma fã (Irene Stefânia) que se faz passar por jornalista. Com um tom quase anárquico e fotografia do premiado Dib Lutfi, o filme vale também como registro de época, com cenas do famoso show em que Simonal lotou o Maracanãzinho, levando a plateia ao delírio.


Simonal em ritmo de comédia

Por Marcelo Lyra*
Depois de dirigir Todas as mulheres do mundo e Edu coração de ouro, o diretor Domingos Oliveira, neste seu quarto longa-metragem, experimenta um trabalho mais comercial, atendendo a um convite do produtor César Thedim. Trata-se de uma divertida e despretensiosa comédia musical, misto de documentário e ficção, feita para aproveitar o impressionante sucesso do cantor Wilson Simonal na época. Ele tinha acabado de lotar o Maracanãzinho em um de seus shows e era um campeão de venda de discos. Um sucesso merecido, já que Simonal era dono de uma voz privilegiada e de um magnetismo pessoal capaz de encantar multidões. Na história, Irene Stefânia (no auge da beleza) é uma fã que se faz passar por jornalista para conhecer o ídolo Simonal e acaba caindo nas graças do cantor. Eles vivem um caso amoroso, com direito a shows, carrões, mansões e passeios de iate. Em meio a esse conto de fadas, o diretor aproveita para mostrar bastidores da fama, o assédio de fãs e o interesse de empresários aproveitadores. Como é de praxe em filmes de astros musicais, este também é embalado por muita música, culminando com cenas do famoso show no Maracanãzinho, além de raras imagens de gravações na Rádio Nacional e na então famosa casa de shows Sucata. Um dos destaques do filme é o bom trabalho do fotógrafo Dib Lutfi, especialmente em alguns planos-sequência dentro de carros, ou com a câmera na mão acompanhando Simonal. Lutfi foi parceiro de Domingos em Edu coração de ouro e é responsável pela fotografia e/ou câmera de alguns dos maiores clássicos do cinema brasileiro, como Terra em transe, de Glauber Rocha (Programa 128), A falecida, de Leon Hirszman (1965), A lira do delírio, de Walter Lima Jr. (Programa 84), O desafio, de Paulo Cezar Saraceni (1965), entre muitos outros. Domingos Oliveira é hábil o suficiente para deixar o cantor bem à vontade diante das câmeras. O resultado é que Simonal faz uma bem-humorada caricatura de si mesmo, ora como um astro canastrão, ora como um jovem de origem humilde deslumbrado com o sucesso. Diversos esquetes de humor foram inseridos para entreter o espectador e há momentos impagáveis, como a cena em que ele escreve versos na máquina de escrever, datilografando no seu conhecido ritmo suingado, ou quando se veste de mulher, aparentemente divertindo-se mais do que o espectador. O filme vale também pela quantidade de astros do teatro, a maioria amigos do diretor, que aparecem em pequenos papéis. Destaque para Ziembinski, como o empresário que quer usar a fama de Simonal para promover um produto picareta, e Oduvaldo Viana Filho, o Vianinha (em uma das raras aparições no cinema), compondo um atrapalhado personagem romântico. Também fazem pontas curiosas Marília Pêra, Milton Gonçalves, Nelson Xavier e Milton Moraes. O filme é um registro de época valioso, levado em tom quase anárquico, que agrada especialmente aos fãs de Simonal. Vale mencionar, para quem se interessa pela história do cantor, o belo longa documentário Simonal - ninguém sabe o duro que dei (2009), que recupera a trajetória desse músico talentoso, cuja imagem ficou comprometida por um episódio mal esclarecido na época da ditadura militar (1964-1985). Acusado de delatar seu contador para a repressão, Simonal foi condenado pela classe artística e morreu quase esquecido, em 2000.
* Crítico de cinema, com passagens pelos jornais O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, Valor Econômico e Revista de Cinema. Ministra cursos sobre crítica e cinema brasileiro e integrou júris e comissões de seleção de festivais como os de Brasília, Recife e Ceará.

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